6.1 | Definição  
 

 

As hemorragias acontecem quando o sangue sai dos vasos sanguíneos e se perde.
A perda de sangue pode provocar graves complicações no indivíduo, como o estado de choque, lesões irreversíveis dos principais órgãos, ou mesmo a morte.
As hemorragias podem ser classificadas, em relação à sua origem, em três tipos:
 

Hemorragias arteriais (artérias)
Resultam do rompimento de uma artéria. O sangue sai em jacto descontínuo em simultâneo com cada contracção do coração. É uma hemorragia muito abundante e de difícil controlo.
 

Hemorragias venosas (veias)
Resultam do rompimento de uma veia. O sangue sai de uma forma regular, sujeito a pequena pressão, embora também abundante. Não sendo tão dramática como a arterial, poderá ser fatal se não for detectada. São quase sempre mais fáceis de controlar.
 

Hemorragias capilares (vasos capilares, arteríolas e vénulas)
Ocorrem devido à ruptura dos minúsculos vaso capilares de uma ferida. O sangue sai lentamente.
Estas hemorragias são de fácil controlo, podendo parar espontaneamente.

 

  6.2 | Classificação das hemorragias quanto à sua localização  
 

 

6.2.1 | Classificação
 

As hemorragias são também classificadas quanto à sua localização, podendo-se dividir em:
 

Hemorragias externas
As hemorragias externas podem ser observadas e são facilmente reconhecidas.
 

Hemorragias internas
O reconhecimento das hemorragias internas e a sua identificação torna-se mais difícil.
Este tipo de hemorragias pode ocorrer devido a situações de trauma ou de doença.
 

As hemorragias internas são ainda divididas em:
 

• Visíveis
Quando o sangue acaba por se exteriorizar por orifícios naturais do corpo (boca, nariz, ouvidos, ânus, vagina, etc.).
 

• Invisíveis
Quando não há saída de sangue para o exterior. Suspeitamos da hemorragia interna em função dos mecanismos de lesão e dos sinais e sintomas que a vítima apresente.

6.2.2 | Sinais e sintomas das hemorragias
 

Os sinais mais evidentes na vítima são:
• Saída evidente de sangue;
• Respiração rápida, superficial e difícil;
• Pulso Fraco e rápido;
• Hipotermia;
• Zumbidos nos ouvidos;
• Ansiedade e agitação;
• Pele Fria;
• Suores abundantes;
• Palidez intensa e mucosas descoradas;
• Sede;
• Tonturas, podendo estar inconsciente (estado de choque).


6.2.3 | Métodos de controlo da hemorragia
6.2.3.1 | Pressão directa

 

Também designada por compressão manual directa, se não houver contra-indicação é o método mais eficaz no controlo de hemorragias.


Como actuar:
• Comprimir com uma compressa esterilizada ou pano limpo;
• Nunca retirar a primeira compressa;
• Colocar outras por cima.

6.2.3.2 | Pressão indirecta

 

Uma pressão feita nos pontos de compressão das artérias, na raiz dos membros, leva ao controle de hemorragias nos territórios irrigados pela artéria em causa, pelo facto de impedir a progressão da corrente sanguínea para além da interrupção causada pela pressão indirecta.
Este método só é usado caso haja um objecto estranho espetado ou suspeita de fractura.
É, portanto, um método alternativo à compressão directa, quando esta não pode ser efectuada.

6.2.3.3 | Garrote
 

Os garrotes devem ser usados essencialmente nos casos de amputação ou esmagamento de membros e só podem ser colocados no braço ou na coxa.
O garrote só deve ser usado quando outro método não for eficiente ou se só houver um socorrista e a vítima necessitar de outros cuidados importantes.


Como fazer um Garrote
1.Use panos resistentes e largos. Nunca use arame, ou outros materiais muito finos ou estreitos que possam ferir a pele.
2.Enrole o pano em volta da parte superior do braço ou da perna, logo acima do ferimento.
3.Dê um meio nó.
4.Coloque um pequeno pedaço de madeira no meio nó.
5.Dê um nó completo sobre a madeira.
6.Torça o pedaço de madeira até parar a hemorragia. Fixe o pedaço de madeira.
7.Marque com lápis, batom ou carvão na testa ou em qualquer lugar visível da vítima, as letras "G" (garrote) e a hora.
8.Não cubra o Garrote.
Desaperte gradualmente o garrote a cada 10 ou 15 minutos. Se a hemorragia não voltar, deixe o garrote frouxo no lugar, de modo que ele possa ser reapertado em caso de necessidade.
 

Atenção
Se o paciente ficar com as extremidades dos dedos frias e arroxeadas, afrouxe um pouco o garrote, o suficiente para reestabelecer a circulação, reapertando a seguir caso prossiga a hemorragia. Ao afrouxar o garrote, comprima o curativo sobre a ferida.

6.2.3.4 | Elevação do membro

 

Nas feridas ou lesões do membro, o socorrista aplica uma compressa e eleva o membro caso não haja fractura. A força da gravidade contrária à corrente sanguínea ajuda a parar a hemorragia.

 

6.3 | Hemorragias internas  

 

A aplicação de frio na área suspeita, bem como a sua completa imobilização, poderá diminuir o processo hemorrágico. Contudo, o frio em excesso poderá provocar lesões graves da pele. O socorrista deve prevenir e socorrer o choque.
Não dar nada de beber à vítima, pois isso poderá impedir que seja imediatamente tratada ao chegar ao hospital.
Fazer o transporte para a unidade hospitalar mais próxima com imenso cuidado para evitar agravamento.
Nunca abandonar este tipo de vítima. Verificar, a todo o momento, o seu estado de consciência, pulso, ventilação e, caso esteja inconsciente, manter as vias aéreas libertas.6.3.1 | Alguns exemplos de hemorragias


6.3.1.1 | Hemorragia nasal
 

Como agir:
• Sente o paciente, com a cabeça em posição normal, e aperte-lhe a(s) narinas (s) durante cinco minutos, evitando que o sangue vá para a garganta e seja engolido, provocando náuseas;
• Comprima a narina que sangra e aplique compressas frias no local;
• Depois de alguns minutos, afrouxe a pressão vagarosamente e não assoe o nariz;
• Caso a hemorragia não pare, coloque um tampão de gaze por dentro da narina e um pano de toalha fria sobre o nariz. Se possível, use um saco de gelo.
Se a hemorragia continuar, é necessário o socorro dos profissionais de saúde.

6.3.1.2 | Hemorragia dos pulmões (Hemoptise)
 

Sintomas:
Após um acesso de tosse, o sangue sai pela boca em golfadas e é vermelho rutilante.
Como agir:
• Coloque o doente em repouso no leito com a cabeça mais baixa que o corpo;
• Não o deixe falar, mantendo-o calmo;
• Procure um profissional de saúde imediatamente.

6.3.1.3. Hemorragia do estômago (Hematêmese)

 

Sintomas:
O paciente geralmente apresenta, antes da perda de sangue:
• Enjoo;
• Náuseas;
• Ao vomitar, vem sangue como se fosse borra de café.


Como agir:
• Coloque o doente deitado sem travesseiro;
• Não dê nada à vítima pela boca;
• O atendimento por profissional de saúde é indispensável.