Os três elementos do SBV, após a avaliação
inicial, são designados por “ABC”
A – “Airway” | Via Aérea;
B – “Breathing” | Ventilação;
C – “Circulation” | Circulação.
4.2.1. Avaliar as condições de segurança
no local
Depois de assegurar que estão garantidas as condições
de segurança, aproxime-se da vítima e pergunte em voz alta:
“Está-me a Ouvir? Sente-se bem?”,
enquanto a estimula batendo suavemente nos ombros;
1 | Se a vítima responder - deve deixá-la
na posição em que a encontrou (desde que isso não
represente perigo acrescido), pergunte o que se passou, se tem alguma
queixa, alguma dor, procure ver se existem sinais de ferimentos e se necessário
vá pedir ajuda;
2 | Se a vítima não responder - peça
ajuda gritando em voz alta “Preciso de ajuda tenho aqui
uma pessoa inconsciente!”. Não abandone a vítima
e prossiga com a avaliação
4.2.2 | Via aérea - A
Como a vítima se encontra inconsciente, os músculos da língua
perdem o seu tónus habitual, relaxando, e dá-se a queda
da língua para trás (na vítima em decúbito
dorsal pode causar obstrução da via aérea). Este
mecanismo é a causa mais frequente de obstrução da
via aérea num adulto inconsciente.
Existem ainda outros factores que podem condicionar obstrução
da via aérea como:
• O vómito;
• Sangue;
• Dentes partidos ou próteses dentárias soltas.
É fundamental proceder à permeabilização da
via aérea da seguinte forma:

• Desaperte a roupa à volta do pescoço da vítima
e exponha o tórax;

• Verifique se existem corpos estranhos dentro da boca (comida,
próteses dentárias soltas, secreções);
A existência destes corpos estranhos deve ser removida, mas somente
se os visualizar.
Nota: Não deve remover próteses dentárias bem fixas.

Coloque a palma de uma mão na testa da vítima e
os dedos indicador e médio da outra mão no bordo do maxilar
inferior;

Em situação de trauma, efectuar sub-luxação
da mandíbula.
Ao efectuar a elevação do maxilar inferior não deve
comprimir as partes moles do queixo, coloque os dedos apenas na parte
óssea.
Atenção: Se suspeitar que a vítima possa
ter feito traumatismo da coluna cervical não pode ser feita a extensão
da cabeça.
Várias situações podem causar traumatismo da coluna
cervical, nomeadamente:
• Acidente de viação;
• Quedas;
• Acidentes de mergulho;
• Agressão por arma de fogo.
Nestes casos a permeabilização da via aérea
deve ser feita apenas por elevação do maxilar inferior |
sub-luxação da mandíbula.
4.2.3. Ventilação espontânea – B
Depois de ter efectuado a permeabilização da via aérea
passe à avaliação da existência de ventilação
espontânea – B

Para verificar se a vítima respira aproxime a sua face da face
da vítima. Olhando para o tórax e mantendo a via aérea
aberta, procure:
Ver | se existem movimentos torácicos;
Ouvir | se existem ruídos de saída de ar
pela boca e nariz da vítima;
Sentir | na sua face se há saída pela boca
e nariz da vítima.
Deverá Ver, Ouvir e Sentir (VOS) durante 10 segundos.
Com este procedimento pretende-se procurar a existência de movimentos
respiratórios normais, observando se o tórax se eleva e
baixa ciclicamente. Algumas vítimas podem apresentar movimentos
respiratórios ineficazes conhecidos por “gasping” ou
“respiração agónica” os quais não
devem ser confundidos com respiração normal. Estes movimentos
não causam uma expansão torácica normal, correspondem
a uma fase transitória que pode preceder a ausência total
de movimentos respiratórios e tendem a cessar rapidamente. Na
ausência de respiração ou na presença de respiração
ineficaz é necessário ventilar a vítima.
• Se a vítima respira normalmente deverá ser colocada
em posição lateral de segurança (PLS).
A técnica para colocação em posição
lateral de segurança será descrita mais à frente.
• Se a vítima não respira deve ser activado de imediato
o sistema de emergência médica ligando 112.
• Se estiver sozinho:
Depois de verificar que a vítima não respira, deve abandoná-la
de imediato para ligar 112. Ao ligar 112 deve informar que se encontra
com uma vítima inconsciente que não respira e indicar o
local exacto onde se encontra.

Deve regressar o mais rapidamente possível para junto da vítima
e certificar-se que não existem corpos estranhos na boca, de seguida
deve iniciar a ventilação com ar expirado.
• Se estiver alguém junto de si:
Peça a essa pessoa para ligar 112, informando que se encontra com
uma vítima inconsciente que não respira e indicar o local
exacto onde se encontra.
• Ventilação com ar expirado:

• Garanta que a cabeça da vítima permanece em extensão
e o queixo levantado, mantendo a palma de uma mão na testa da vítima
e os dedos indicador e médio da outra mão no bordo do maxilar
inferior;
• Aperte o nariz da vítima entre os dedos polegar e o indicador
da mão que está na testa, de modo a impedir a circulação
de ar;
• Mantenha a extensão da cabeça e a elevação
do queixo, sem fechar a boca da vítima;
Inspire profundamente, enchendo bem o peito com ar;

•Faça duas insuflações pausadas e profundas
com a duração de dois segundos.
Se não conseguir insuflar o ar deve:
• Verifique novamente se existem corpos estranhos visíveis
na boca e remova-os;
• Confirme a correcta permeabilização da via aérea
reposicionando a cabeça se necessário;
• Tente insuflar de novo;
• Faça até cinco tentativas para conseguir duas insuflações
eficazes.
• Se após 5 tentativas não conseguir insuflações
eficazes passe ao passo seguinte:
4.2.4 | Avaliação de sinais de circulação
– C
Na pesquisa de sinais que traduzem a presença de circulação
deve, em simultâneo:
• Manter a permeabilidade da via aérea;
• Pesquisar se a vítima respira normalmente (em resposta
às duas insuflações iniciais) efectuando o VOS;
• Procurar a existência de movimentos;
• Observar se a vítima tosse;
• Pesquisar a presença de pulso central.

A pesquisa da existência de sinais de circulação deve
ser feita pelo menos durante 10 segundos. Se ao fim deste
tempo a vítima não apresentar nenhum dos sinais de circulação
atrás referidos deve concluir pela ausência de sinais de
circulação.
Nesta situação o pulso a ser pesquisado é o pulso
carotídeo. Mantenha a extensão da cabeça com uma
mão na testa da vítima e com as pontas dos dedos, indicador
e médio da outra mão, localizar a zona da laringe «maçã-de-adão».
Este é local onde passa a artéria carótida e onde
deve palpar o pulso carotídeo.

Se a vítima
não ventila mas tem outros sinais de circulação é
necessário manter a ventilação com ar expirado efectuando
10 insuflações por minuto.
Como manter a ventilação com ar expirado:
• Deve efectuar uma insuflação pausada, ao longo de
2 segundos, aguardar cerca de 4 segundos e voltar a efectuar outra insuflação;
• Repetir este procedimento 10 vezes;
• Depois de cada 10 insuflações, em que normalmente
decorre cerca de 1 minuto, deve pesquisar novamente a existência
de sinais de circulação;
• Se a vítima mantiver sinais de circulação,
mas não ventilar, repetir o procedimento (10 insuflações
por minuto), pesquise sempre sinais de circulação ao fim
de cada minuto.
Se a vítima não apresenta qualquer
sinal de circulação deve iniciar imediatamente as compressões torácicas.
Nota: A vítima deve estar em decúbito
dorsal sobre uma superfície rígida com a cabeça no
mesmo plano do resto do corpo.
• Ajoelhe-se junto à vítima;
• Palpe o bordo inferior da grelha costal;
• Deslize os dedos, indicador e médio, ao longo do bordo
costal até localizar o ponto de junção da grelha
costal esquerda com a direita;

• Nesse ponto encontra-se o apêndice xifóide que corresponde
à extremidade inferior do esterno;

• Coloque os dois dedos, indicador e médio, sobre o apêndice
xifóide;
• Deslize a base da outra mão (a que se encontrava na testa
da vítima) pelo esterno, até junto do dedo indicador. Este
é o local correcto para se efectuarem as compressões torácicas,
a porção média da metade inferior do esterno. Certifique-se
que mantém o bordo da mão no mesmo eixo que o eixo longitudinal
do esterno;

• Coloque a base da outra mão sobre a primeira, mantendo
as mãos paralelas (não cruzar as mãos);
Entrelace os dedos e levante-os, de forma a não exercer qualquer
pressão sobre as costelas, apenas a base de uma mão deve
ficar em contacto com o esterno;
• Mantenha os braços esticados e sem flectir os cotovelos,
posicione-se de forma a que os seus ombros fiquem perpendiculares ao esterno
da vítima;
• Pressione verticalmente sobre o esterno, de modo a que este baixe
cerca de 4-5 cm;

• Alivie a pressão, de forma que o tórax possa descomprimir
totalmente, mas sem perder o contacto da mão com o esterno;
• Repita o movimento de compressão e descompressão
de forma a obter uma frequência de 100/min. (cerca de 2 compressões
em 1,5 seg.);
• O gesto de compressão deve ser firme, controlado e executado
na vertical;
• Os períodos de compressão e descompressão
devem ter a mesma duração;
• Sincronize as compressões com ventilações:
• Ao fim de 15 compressões (a), permeabilize a via aérea
(extensão da cabeça e elevação da mandíbula)
e faça 2 insuflações eficazes;
• Reposicione as mãos no local correcto para efectuar compressões;
• Faça de novo 15 compressões (a);
• Mantenha compressões e ventilações na relação
de 15:2 (15 compressões: 2 ventilações).
Nota (a): É útil contar em voz alta 1 e 2 e 3 e
4 e 5 e... 15 de forma a conseguir manter um ritmo adequado.
4.2.5 | Posição Lateral de Segurança
Se a vítima respira mas está inconsciente, deve ser colocada
em posição lateral de segurança (PLS).
As vítimas inconscientes que respiram devem ser colocadas em PLS,
desde que não haja suspeita de trauma. A colocação
em PLS permite manter a permeabilidade da via aérea e evitar a
entrada de conteúdo gástrico na mesma.
A colocação da vítima na posição lateral
de segurança deve seguir esta sequência:

Retirar os óculos, objectos volumosos dos bolsos (chaves, telefones, canetas,
etc.) e outras peças de vestuário que possam magoar a vítima.

Alargue a gravata e desaperte o colarinho caso existam.
Ajoelhe-se ao lado da vítima e estenda as duas pernas. Coloque
o braço mais próximo do reanimador dobrado ao nível
do cotovelo de forma a fazer um ângulo recto com o corpo da vítima,
ao nível do ombro e com a palma da mão voltada .

Dobre o outro braço sobre o tórax de forma a encostar a face dorsal
da mão à bochecha da vítima, do lado do reanimador.
Manter a mão da vítima encostada à bochecha, com
a palma da mão do reanimador, de forma a controlar o movimento
da cabeça.
Com a outra mão segure a coxa ao nível do joelho.

Dobre a perna da vítima mantendo o pé no chão.
Mantendo uma mão a apoiar a cabeça puxar a perna, ao nível
do joelho, rolando o corpo da vítima para o lado do reanimador.

Ajustar a perna que fica por cima, por forma a que a anca e o joelho
dobrem em ângulo recto.


Se necessário ajustar a mão sob a face da vítima
de modo a manter a cabeça em extensão, confirmando se a
vítima respira bem, isto é, sem fazer ruído.
Em caso de doença súbita ou acidente ligue 112.
A chamada é gratuita e está acessível de qualquer
ponto do país a qualquer hora do dia. O 112 é o Número
Nacional de Emergência, sendo comum, para além da saúde,
a outras situações, tais como incêndios, assaltos,
etc. A chamada será atendida por um operador da Central de Emergência,
que enviará os meios de socorro apropriados. Em determinado tipo
de situações a chamada poderá ser transferida para
o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.
Faculte toda a informação que lhe for solicitada, para permitir
um rápido e eficaz socorro às vítimas. Informe de
forma simples e clara.
4.2.6 | Algoritmo de suporte básico de vida
O algoritmo de suporte básico de vida sistematiza o que deve ser
feito, no caso de pessoas com 8 ou mais anos, quando qualquer cidadão
se depara com uma vítima.
No entanto, para que estes gestos possam ser executados correctamente
é necessário fazer um curso de Suporte Básico de
Vida (SBV).
O esquema que desenvolvemos na página seguinte discrimina o essencial
dos procedimentos a efectuar.

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